O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2022. 

Como falamos algumas semanas atrás, entre economistas, esta análise é “de retrovisor”, pois foi divulgada quase três meses após o fato analisado. O importante da publicação destes dados é tentar entender as informações implícitas e abertas para tentar projetar o futuro.

O crescimento de 0,4% no terceiro trimestre nos dá duas notícias, uma boa e uma má. A boa: o dado continua positivo. A má: está desacelerando, após altas de 1,3%, nos três primeiros meses do ano, e de 1%, no segundo trimestre. 

Ainda assim, é um bom sinal, uma vez que, na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, quando estávamos lutando contra a variante ômicron da covid-19, o aumento é mais robusto: 3,6%.

Ao dividir por setores, os serviços (incluindo o comércio), que respondem por 70% do PIB, ainda representam a grande locomotiva do crescimento, apontando 1,1%. Na sequência, vêm a indústria, com 0,8%, e o agro, com queda de 0,9%, fruto de uma ruptura na produção da soja, causada pela mudança climática. 

Ano a ano, os valores são, respectivamente, 4,5%, 2,8% e 3,2%. Aqui, podemos projetar uma perspectiva positiva, já que o agro deve se recuperar, a despeito do peso menor do que 10% no índice total.

Quanto à demanda, o consumo das famílias também cresceu, registrando aumento forte de 1%. É bem possível que esse número já abranja adiantamentos do décimo terceiro e pensões, além do Auxílio Brasil. 

Ademais, o consumo do governo também cresceu (1,3%). Resta saber como o PIB se comportará nos próximos trimestres – e, principalmente, no próximo ano. 

Em relação ao primeiro, algumas informações já reveladas mostram que a desaceleração deve continuar: emissão de papel ondulado e fluxo nas rodovias pedagiadas, bons indicadores antecedentes, já apresentam algum sinal de queda, o que nos induz a concluir um trimestre mais “morno”. 

Além disso, os dados sobre automóveis, divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), e algumas informações preliminares a respeito da Black Friday confirmam esta tendência. Reforçando um cenário mais vagaroso, o índice de confiança do consumidor também anuncia menos animação para consumir.

Por outro lado, o décimo terceiro, que deve injetar mais de R$ 100 bilhões na economia, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), e o novo Auxílio Brasil devem garantir, pelo menos, o fim do ano. 

Assim, o PIB dos últimos três meses deve ficar bem próximo da estabilidade, confirmando um número próximo a 3% em 2022.

Para o ano que vem, o bom resultado vai depender da ação do novo governo quanto à política fiscal: se esta for mais expansionista, pode até render frutos no curto prazo, mas as reações do câmbio e da inflação anularão rapidamente o efeito. 

Uma política mais responsável pode permitir o influxo de investimento privado e, embora, mais contracionista no curto prazo, pode garantir um 2023 muito bom. Resta-nos esperar.



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